A pergunta que não quer calar: afinal, fumar cannabis faz bem ou mal para seus pulmões? Embora possa parecer contrário a tudo o que sabemos a respeito do tabagismo, inalar cannabis pode realmente aumentar o fluxo de ar dentro de nosso sistema aéreo. O uso de longo prazo, por outro lado, está associado a complicações respiratórias.
Quando você mergulha nos estudos médicos sobre como a cannabis afeta seus pulmões, no entanto, o resultado final é menos claro, especialmente porque muitas pesquisas não excluíram os fumantes de cigarros de suas análises.
É claro que também há fortes razões pelas quais fumar cannabis continua sendo tão popular. Ele é um método de consumo altamente eficaz para pacientes de cannabis medicinal e também usuários recreativos. Isso acontece pelo fato de seus componentes entrarem na corrente sanguínea quase que instantaneamente, fazendo seus efeitos serem sentidos com grande rapidez.
Vejamos a seguir o que dizem as pesquisas.
Aumento do Risco de Bronquite Grave
A revisão de uma pesquisa publicada na revista Addiction apontou que “embora ainda tenhamos muito a aprender, temos evidências suficientes para afirmar que fumar cannabis não é considerado inofensivo para os pulmões”.
Os autores da meta-análise sobre os efeitos pulmonares da cannabis observam que “há fortes evidências de que fumar cannabis pode causar sintomas respiratórios e provocar outros efeitos nos pulmões”. Além disso, apontaram que fumar a planta também parece aumentar o risco de bronquite grave. Outros sintomas citados no artigo foram complicações respiratórias como tosse, chiado no peito, produção de expectoração e dispneia.
Risco Potencialmente Maior de Infecção
A fumaça do cigarro é conhecida por prejudicar os cílios, pequenas projeções semelhantes a pêlos que removem muco e ajudam a manter os pulmões limpos e protegidos de infecções no sistema respiratório.
Mas será que o mesmo acontece com quem fuma cannabis?
Um estudo de 2013 descobriu que o consumo regular de maconha leva a uma redução de cílios, observando que isso pode prejudicar “a primeira linha de defesa do pulmão contra infecções”.
“Poucas” Evidências de Câncer
Os pesquisadores notaram que os efeitos da fumaça da cannabis “são surpreendentemente diferentes dos do tabaco”.
Enquanto as consequências respiratórias graves mais comuns do fumo do tabaco são a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e o câncer de pulmão, são escassas as evidências que ligam esses males ao fumo da cannabis.
Os pesquisadores apontaram que “a maioria dos usuários de cannabis também fuma tabaco” e nem todos os estudos incluídos em sua análise diferenciam entre fumantes que só fumavam maconha e aqueles que fumavam ambos.
Uso Prolongado Associado a Sintomas Respiratórios
Esta é uma avaliação mais assertiva do que uma revisão sistemática anterior de 2007 que examinou o efeito de fumar maconha maconha na função pulmonar e complicações respiratórias examinando 34 publicações. Destes, 11 estudos realizados em seres humanos encontraram “associação entre o uso de cannabis no curto prazo e a broncodilatação”.
Nenhum deles encontrou uma “associação consistente” entre o uso prolongado de maconha e sinais de obstrução do fluxo de ar.
Os autores da revisão concluíram que a exposição de curto prazo à maconha está associada à broncodilatação. E embora haja dados inconclusivos sobre a associação entre tabagismo de longo prazo e obstrução do fluxo de ar, “fumar maconha no longo prazo está associado a aumento de sintomas respiratórios sugestivos de doença pulmonar obstrutiva.“
Isso dito, assim como na revisão mais recente da pesquisa, os autores do artigo de 2007 também observaram que muitos dos estudos examinados não se preocuparam com fatores de combinação como o uso do tabaco.
Para muitas pessoas, a avaliação de riscos se baseia em aspectos como benefícios e conveniência, passando pelo histórico médico pessoal e pela frequência com que fumam.
Cancerígenos: Não é Como o Tabaco
Assim como a do tabaco, a fumaça da cannabis traz perigos à saúde. Isso porque mostram-se “presentes substâncias cancerígenas conhecidas e outras substâncias químicas implicadas em doenças respiratórias”, de acordo com um estudo de 2008.
Outra pesquisa mostrou que, embora a fumaça da cannabis tenha “muitos dos mesmos cancerígenos e causadores de tumor” do tabaco, “o conhecimento atual não sugere que a fumaça da cannabis tenha um potencial cancerígeno comparável ao resultante da exposição à fumaça do tabaco”.
Alguns estudos descobriram que não há diferença mensurável na saúde pulmonar entre fumantes e não fumantes de cannabis. Um estudo de 2010 descobriu que, na maioria dos casos, a capacidade pulmonar e a saúde dos fumantes de cannabis eram comparáveis às de pessoas que nunca fumaram maconha, mesmo depois de considerar fatores de controle como o uso de nicotina.
O Que Sabemos Sobre a Vaporização
Independentemente do que algumas pesquisas encontraram, a preocupação com os efeitos do fumo na saúde é uma das razões para a popularidade dos produtos de vaporização. Em junho de 2019, eles representavam entre 15% a 30% do total de vendas de cannabis para adultos na Califórnia.
Vaporização é um método de ingestão sem fumaça em que a planta é vaporizada e o vapor é inalado pelo usuário. Como os materiais não são queimados e a temperatura é mais baixa, ele produz menos carcinógenos e é considerado um método mais seguro de ingestão. Os produtos de vaporização, como os concentrados, também tendem a ter níveis muito mais altos de THC do que a flor de maconha não processada. Adicionalmente, fornecem doses potentes e mais consistentes.
A pesquisa mostrou que “o vapor de cannabis é composto quase exclusivamente de canabinoides com, virtualmente, nenhum composto pirolítico”, não aumenta os níveis de CO exalado e que “os vaporizadores são uma boa opção para os usuários de cannabis que desejam evitar problemas pulmonares”.
No entanto, isso não significa que não haja preocupações de segurança com a vaporização. No final de janeiro de 2020, 60 pessoas em 27 estados dos EUA morreram e mais de 2.700 foram hospitalizadas devido ao “e-cigarro” ou vaporizador.
Nos EUA, a Food and Drug Administration (FDA) atribuiu os ferimentos causados aos vapores de THC ilícitos e mal produzidos, contaminados com acetato de vitamina E.
Não houve evidências de que doenças referentes à vaporização estivessem relacionadas ao uso da flor de cannabis, mas sim a alguns extratos de óleo.
Fumo e Doença Pulmonar Subjacente
E os usuários que já sofrem de problemas respiratórios, como a asma?
Dado que existem outras formulações possíveis da cannabis, os médicos geralmente recomendam métodos não inalatórios para quem sofre de qualquer tipo de doença pulmonar.
No entanto, a cannabis tem propriedades de broncodilatação. Isso é notavelmente diferente do tabaco, que é um broncoconstritor notável e pode desencadear ataques de asma. Deve-se notar, no entanto, que pesquisas realizadas sobre cannabis e asma normalmente usam variedades com THC muito baixo (1-2,6%). Isso poderia produzir efeitos diferentes do que a maioria dos produtos de cannabis no mercado hoje, que tende a ter uma quantidade maior de THC.
Pacientes com asma devem consultar um médico antes de fumar ou vaporizar cannabis como tratamento. No caso de pacientes com condições mais graves como a DPOC, que inclui enfisema e bronquite crônica, o CDC afirma: “A parte mais importante do tratamento é a interrupção do tabagismo”.
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