Visão Geral
A cannabis pode ajudar no tratamento de diferentes tipos de distúrbios do movimento, inclusive a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI), mas o número de pesquisas científicas sobre o assunto ainda é limitado. Embora existam evidências clínicas da eficácia da cannabis em casos isolados da síndrome, os dados são insuficientes para chegarmos a uma conclusão definitiva. Ainda assim, pesquisas sobre a relação da cannabis com os distúrbios motores sugerem que ela pode ajudar.
A causa da SPI ainda é um mistério, mas os pesquisadores acreditam que ela esteja relacionada a algum desequilíbrio de dopamina no cérebro. Como o THC e o CBD interagem diretamente com o sistema de dopamina e ajudam a regular os movimentos, os canabinoides podem ajudar a tratar a SPI.
Como a Cannabis Funciona no Caso da SPI
O sistema endocanabinoide (SE) existe em todos os vertebrados e ajuda a regular funções cruciais, como sono, dor e apetite. O corpo humano produz seus próprios canabinoides, que controlam e ativam suas várias funções. No entanto, como o próprio nome indica, o sistema endocanabinoide também pode ser controlado e ativado por canabinoides encontrados na planta de cannabis. Como todo o sistema só foi descoberto nos últimos 30 anos, os cientistas ainda têm muito a aprender sobre as inúmeras formas de atuação da cannabis no corpo humano.
No caso da Síndrome das Pernas Inquietas e outros distúrbios do movimento, os pesquisadores acreditam que a cannabis pode ajudar, entre outras razões, devido à ligação desses distúrbios com o SE.
Em primeiro lugar, há muitos receptores canabinoides nos gânglios da base, a principal parte do cérebro associada ao movimento. Certos distúrbios do movimento (como discinesias) estão associados diretamente a deficiências nesses receptores canabinoides.
Além disso, distúrbios do movimento, como a SPI, envolvem dopamina, e o tratamento geralmente se baseia em medicamentos que aumentam a dopamina. Os endocanabinoides têm a capacidade de influenciar os níveis de dopamina (um aspecto importante da SPI). Por exemplo, o THC (uma das substâncias mais comuns da cannabis) pode aumentar os níveis de dopamina e seu uso a longo prazo pode levar a níveis mais baixos de dopamina à medida que o sistema se ajusta à estimulação extra do THC.
Com todas essas evidências, chegamos à conclusão de que os canabinoides são realmente capazes de ajudar nos distúrbios do movimento como a SPI, mas precisamos verificar o que dizem os estudos médicos para determinar se isso também vale para os humanos.
Estudos Médicos sobre SPI e Cannabis
Infelizmente, não existem muitos estudos sobre a eficácia da cannabis em relação à SPI. Aliás, não há nenhum ensaio clínico oficial sobre o uso da maconha na Síndrome das Pernas Inquietas. O único estudo sobre o assunto é o caso de seis pacientes que conseguiram aliviar os sintomas da SPI com o uso da cannabis.
Em um estudo de 2017, os pesquisadores contam que os seis pacientes foram diagnosticados com SPI grave e não encontraram nenhum tratamento capaz de ajudá-los sem os intoleráveis efeitos colaterais desse tipo de tratamento. Os seis, então, resolveram usar a cannabis, relatando remissão total dos sintomas da SPI.
Esse incrível relato de remissão completa dos sintomas da SPI traz esperança de que a cannabis possa ajudar nessa área, e motivação para continuar pesquisando. Ainda assim, como se trata de um único estudo, os resultados não são conclusivos.
De qualquer maneira, a falta de comprovações científicas não depõe contra a eficácia da cannabis em relação à SPI, apontando apenas para a necessidade de mais pesquisas. Infelizmente, as restrições governamentais à pesquisa sobre cannabis dificultam a realização de estudos rigorosos em seres humanos. Portanto, embora a cannabis seja um tratamento promissor para muitos problemas de saúde, em muitos casos simplesmente não existem estudos suficientes para tirar conclusões sobre sua eficácia em uma direção ou outra.
CBD para a Síndrome das Pernas Inquietas
Além disso, foi demonstrado que o CBD, substância medicinal da cannabis produzida também a partir do cânhamo, pode ajudar em outros distúrbios do movimento, como Doença de Parkinson e Doença de Huntington. De acordo com os estudos, o CDB contribui para o alívio dos sintomas relacionados à distonia e ao transtorno comportamental do sono REM, mas, em alguns casos, ele pareceu aumentar os tremores dos pacientes, fazendo divergir as opiniões, já controversas, sobre o assunto.
Evidentemente, são necessárias mais pesquisas sobre a SPI e outros distúrbios do movimento para saber exatamente de que maneira e em que casos a cannabis pode ajudar.
Efeitos Colaterais
Quanto aos efeitos colaterais do uso de cannabis para distúrbios do movimento, eles geralmente são leves e toleráveis em comparação com os efeitos de outros medicamentos, e incluem náuseas, perda de memória a curto prazo, comprometimento cognitivo, boca seca, alucinações, tontura, fadiga, alterações do comportamento ou do humor, problemas motores e aumento da fraqueza, da frequência cardíaca e do apetite.
No estudo de caso que comprovou a eficácia da cannabis em relação à SPI, uma pessoa relatou náusea, mas continuou o tratamento em momentos de maior intensidade dos sintomas da SPI.
Alguns se dizem preocupados com os possíveis efeitos psicopatológicos da cannabis, como o risco de desenvolver esquizofrenia, que, de acordo com os estudos, acomete cerca de 1% dos usuários. Deve-se observar, porém, que cerca de 20,7% dos pacientes com SPI desenvolvem transtornos psicopatológicos de controle do impulso quando tomam os medicamentos prescritos para a síndrome.
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