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Um baby boom da cannabis?

Um baby boom da cannabis?

Embora vários mitos e estereótipos possam sugerir que o uso frequente de marijuana cause um pouco de tudo em seus usuários – de esterilidade a preguiça, passando pelo desejo de postergar a formação de uma família –, um novo estudo descobriu que a cannabis medicinal pode, na verdade, provocar o aumento da taxa de natalidade após a regularização em um novo país.

Intitulado Sex, Drugs, and Baby Booms: Can Behavior Overcome Biology? (Sexo, Drogas e Baby Booms: o Comportamento Pode Superar a Biologia?), um estudo analisou dados trimestrais e constatou que, após a legalização da cannabis medicinal, ocorrem, em média, quatro nascimentos adicionais por cada 10.000 mulheres em idade fértil. Também constatou que em locais onde o cultivo da planta em casa também é permitido, esse número sobe para seis nascimentos. 

De acordo com o estudo, a maior taxa de nascimentos pode estar ligada, nessas jurisdições, ao aumento da atividade sexual após a legalização da maconha medicinal, bem como a uma queda de 4,3% nas vendas de preservativos. O estudo também cita pesquisas que revelaram queda no consumo de álcool em áreas onde a cannabis medicinal foi legalizada, além da redução de 14% no índice de acidentes por alcoolemia. 

O estudo também cita pesquisas anteriores que descobriram que o consumo de cannabis pode ocasionar, de forma direta, o aumento do relaxamento, da excitação e do prazer no sexo. (Shutterstock)

Pesquisadores da Universidade de Connecticut e da Universidade Estadual da Geórgia examinaram dados sobre atividade sexual e nascimentos em áreas onde a cannabis medicinal havia sido legalizada. Nelas, eles descobriram que o novo status aumentou a probabilidade de uso de cannabis entre 14 e 15% acima da média. 

Aumento da Atividade Sexual das  Mulheres

Mulheres que relataram não ter feito uso de cannabis nos últimos 12 meses relataram uma prática sexual média de 6 vezes nas últimas 4 semanas, em comparação com 7,1 vezes entre aquelas que relataram seu consumo diário. Da mesma forma, os usuários masculinos diários de cannabis relataram uma frequência sexual média de 6,9 vezes nas 4 semanas anteriores, em comparação com 5,6 vezes dos não usuários, segundo dados do estudo. 

Os autores também afirmaram que, embora exista um “vínculo fisiológico na literatura médica insistindo numa relação negativa” entre a cannabis e fertilidade, “o consumo de cannabis pode produzir mudanças de comportamento que superam as alterações hormonais detectadas na fisiologia, de forma que o impacto geral na fertilidade pode acabar sendo positivo, não negativo”.

Melhora da Experiência Sexual

Happy couple laughing
Mesmo que a cannabis tenha um efeito prejudicial sobre a fertilidade, as mudanças comportamentais podem contorná-lo, tornando o sexo potencialmente mais agradável e aumentando a probabilidade de sua prática. (Shutterstock)

Em outras palavras, o estudo afirma que, mesmo sendo possível determinar que o uso da cannabis possa ter um efeito fisiológico prejudicial em relação à fertilidade, as mudanças comportamentais que ela causa podem contornar isso. Ou seja: a planta já mostrou que aumenta o relaxamento e reduz o estresse e a ansiedade, tornando o sexo potencialmente mais agradável e aumentando as probabilidades da sua prática. 

Além disso, o uso de cannabis pode levar as pessoas a usar a proteção de forma menos sistemática, o que é uma preocupação potencial.

“Um sentimento de relaxamento pode mudar as atitudes em relação a correr riscos, tornando as pessoas menos preocupadas com as consequências das relações sexuais, incluindo a redução no uso de proteção ou acumulando mais parceiros de cama. O consumo de cannabis pode ter uma influência direta nas atitudes e na percepção em relação à atividade sexual, bem como no risco associado a ela, o que pode estar diretamente relacionado aos impactos na fertilidade”, afirmaram os pesquisadores.

O estudo também cita pesquisas anteriores que revelaram que o consumo de cannabis pode levar de forma direta ao aumento do relaxamento, da excitação e do prazer sexual. 

“Usuários regulares de cannabis relatam um conjunto de efeitos fisiológicos e perceptivos que provavelmente influenciam nas tomadas de decisão e na percepção sexual. Isso inclui uma sensação de maior capacidade de resposta ao toque sexual, um aumento do humor e relaxamento positivos, além de mais fortes emoções”, escrevem os autores.

Os resultados são consistentes com os de um estudo prévio realizado em 2017, que descobriu que usuários masculinos e femininos mensais, semanais e diários “tinham frequência sexual significativamente maior em comparação com os não usuários”. 

Os pesquisadores acrescentaram que “o uso de cannabis está associado de forma independente ao aumento da frequência sexual e não parece prejudicar a função sexual”.

O estudo mais recente sobre o tema mostra o que parece ser um caminho menos complicado para uma taxa de natalidade mais alta – com a legalização da cannabis medicinal, as pessoas se tornam mais propensas a usá-la. E, sob sua influência, acham o sexo mais agradável, aumentando, portanto, as probabilidades de sua prática – e ainda são mais propensos a fazê-lo sem métodos de contracepção. A maneira pela qual cada indivíduo reage à cannabis é muito pessoal e única, mas tudo isso certamente soa como a receita para um (pequeno) baby boom da cannabis.

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