O ano de 2020 teve um pouco de tudo: foi estranho, desconcertante, surpreendente. Mas, fora isso, ele será marcado como aquele em que publicou-se um número recorde de artigos científicos sobre a cannabis, informou a Organização Nacional para a Reforma das Leis da Cannabis (NORML).
Usando dados compilados pela National Library of Medicine e PubMed.gov, a NORML destacou a publicação de cerca de 3.600 estudos sobre a maconha no ano passado. Isso representa mais de 10% do total de 35.024 estudos que o banco de dados indica terem sido publicados nos últimos 60 anos e que incluíram o mesmo termo de pesquisa.
Isso pode ser visto como uma tendência crescente na última década, durante a qual um número cada vez maior de países e Estados americanos aprovou medidas de legalização e o apoio público à legalização da cannabis aumentou mais do que nunca.
Mais de 3,5 mil estudos desse tipo foram realizados no ano passado, em comparação com 12.428 publicados nos últimos cinco anos. Nos últimos dez anos, o banco de dados mostra 19.183 resultados de estudos.
Ou seja, dos 35.076 relatórios publicados desde 1934, quando surgiu o primeiro estudo sobre cannabis, 55% foram publicados nos últimos 10 anos.
Ao pesquisar especificamente a palavra “cannabis”, o banco de dados apresenta resultados ainda mais surpreendentes. Dos 23.896 resultados desde que o primeiro estudo foi publicado em 1845, 2.847 (12%) foram publicados apenas no ano passado. Um total de 13.635 estudos (57%) foram publicados apenas na última década, enquanto 9.289 (39%) foram registrados nos últimos cinco anos.
O post da NORML menciona um estudo de 2018 por pesquisadores israelenses, o qual analisou tendências sobre a publicação científica a respeito de cannabis medicinal entre 2000 e 201. Ele apontou que o número geral de publicações científicas aumentou 2,5 vezes no PubMed, enquanto o número de publicações especificamente sobre cannabis aumentou em 4,5. Para a cannabis medicinal especificamente, o aumento foi de 9 vezes. Os pesquisadores afirmaram que esse aumento foi notável no campo da psiquiatria.
Eles descobriram que as condições clínicas com o maior número de publicações sobre a cannabis medicinal foram HIV (261), dor crônica (179), esclerose múltipla (118), náuseas e vômitos (102), e epilepsia (88).
Os pesquisadores afirmaram que trabalharam com o pressuposto de que haveria uma ligação entre o aumento da pesquisa científica e o crescente interesse do público, governamental e da mídia. Acrescentaram, também, que “este interesse acelerado pela cannabis medicinal é destacado pela comparação entre as publicações científicas em geral e aquelas sobre a cannabis medicinal, em particular”.
Eles apontaram várias explicações possíveis para o aumento no número de publicações, incluindo um aumento no consumo de cannabis após a legalização dos programas de cannabis medicinal, o aumento no uso ilícito de cannabis em países que aprovaram a cannabis medicinal e o crescente apoio público mundial à legalização da planta.
Esses dados vão na direção contrário à uma afirmação recorrente no mundo da cannabis: a de que faltam pesquisas sobre o tema. Os oponentes da sua legalização e os céticos muitas vezes adotaram uma espécie de abordagem desinteressada em relação à sua legalização. Embora o presidente eleito dos EUA Joe Biden tenha divulgado um “plano de justiça social” que inclui a descriminalização da cannabis, a eliminação de registros criminais para condenações por maconha e o fim do encarceramento por uso de drogas, em novembro de 2019 ele foi criticado por afirmar: “Quero ter certeza de que sabemos muito mais sobre a ciência por trás disso” e que “não há evidências suficientes para saber se ela é ou não uma droga de entrada”.
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