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Cannabis Pode Ajudar na Doença Celíaca?

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Visão Geral

A cannabis é usada há muito tempo como um remédio natural para distúrbios gastrointestinais. A doença celíaca atraiu muita atenção nos últimos anos: é uma condição caracterizada pela resposta imunológica ao glúten, um tipo de proteína encontrado em grãos.

Pesquisas iniciais indicam que o sistema endocanabinoide do corpo está envolvido com a doença celíaca, o que pode explicar o fato de algumas pessoas encontrarem alívio da dor abdominal, náusea, perda de peso, diarreia e outros sintomas da condição ao utilizar cannabis. No entanto, ainda é cedo para conclusões e as dietas sem glúten continuam sendo o único tratamento conhecido para a doença.

A boa notícia para quem sofre da doença celíaca é o grande número de evidências que conectam o sistema endocanabinoide à  manutenção da saúde intestinal; sua disfunção, por outro lado, é associada a uma ampla gama de condições inflamatórias e autoimunes, incluindo a doença celíaca.

Além disso, há evidências sólidas de que o CBD, o THC e outros extratos da cannabis podem aliviar a dor, náusea, perda de peso e outros sintomas desse distúrbio.

A cannabis para uso medicinal é um tratamento relativamente seguro e muitos pacientes celíacos relataram melhoras significativas como resultado de sua utilização.

O Sistema Endocanabinoide

O sistema endocanabinoide (SE) é constituído por receptores canabinoides, endocanabinoides e enzimas que ajudam a construir e decompor compostos canábicos. Este sistema desempenha um papel importante na manutenção da homeostase, o estado de equilíbrio saudável do organismo. Para fazê-lo, o sistema endocanabinoide atua na regulação de uma ampla variedade de processos, incluindo o inflamatório e o intestinal.

Os dois receptores canabinoides atualmente conhecidos são chamados CB1 e CB2. O CB1 é encontrado principalmente no sistema nervoso central, enquanto que o CB2 está presente sobretudo nas células do sistema imunológico. No entanto, ambos os receptores também participam do trato gastrointestinal, o qual é protegido pelo tecido linfático associado ao intestino (GALT), o maior componente do sistema imunológico.

Esses receptores são ativados por dois dos principais endocanabinoides produzidos em nossos corpos: anandamida e 2-AG. Os fitocanabinoides, canabinoides derivados da planta da cannabis, também interagem com o sistema endocanabinoide. Os dois principais fitocanabinoides são o tetra-hidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Embora ambos os canabinoides tenham efeitos terapêuticos benéficos, o THC é mais popularmente conhecido por provocar o efeito de “high”.

Distúrbios do SE e do Intestino

Um volume crescente de evidências em pesquisas indica que o sistema endocanabinoide está envolvido no funcionamento saudável do trato gastrointestinal e que sua disfunção leva a distúrbios intestinais como a doença inflamatória intestinal (DII), Doença de Crohn e síndrome do intestino irritável (SII).

Por exemplo, variações genéticas dos genes responsáveis ​​pelo sistema endocanabinoide, como os do receptor CB1 e FAAH (uma enzima que decompõe os endocanabinoides), têm sido associadas à SII.

Outro fato importante é que há indícios de que os endocanabinoides e os receptores canabinoides têm seus níveis normais alterados quando lidam com DII, SII e outros distúrbios digestivos. Por exemplo, um estudo descobriu que os níveis de anandamida estavam elevados em pessoas com colite ulcerosa, um dos dois principais tipos de DII.

Já uma outra investigação clínica relatou que pacientes com SII e diarreia dominante tinham níveis mais altos de 2-AG, mas níveis mais baixos de OEA e PEA, dois compostos intimamente relacionados aos endocanabinoides.

Há evidências de que o contato do sistema endocanabinoide com preparados de cannabis, e também de outros compostos que ativam os receptores canabinoides ou reduzem a decomposição dos endocanabinoides, proporcionam alívio a quem sofre de distúrbios intestinais.

Em especial, um estudo de 2013 em pacientes com Doença de Crohn, um dos dois principais tipos de DII, mostrou que a maioria dos participantes tiveram melhorias significativas ao consumir cannabis rica em THC ao longo de oito semanas.

O SE e a Doença Celíaca

De forma similar às descobertas sobre distúrbios intestinais, estudos sobre a doença celíaca também relatam alterações no funcionamento do sistema endocanabinoide.

Um estudo de 2007 descobriu que pessoas com doença celíaca tinham níveis mais altos de anandamida e de receptores CB1, os quais voltaram ao normal depois que uma dieta sem glúten levou à remissão da doença.

Enquanto isso, um estudo de 2012 realizado por pesquisadores italianos descobriu que uma variante genética do gene do receptor CB2, chamada Q63R, aumentou o risco de doença celíaca em seis vezes.

Os pesquisadores levantaram a hipótese de que isso significava que o sistema endocanabinoide seria supra-regulado na doença celíaca como uma tentativa do organismo de combater a inflamação intestinal.

Esses achados foram comparados com um estudo semelhante de 2013, em que pacientes com doença celíaca ativa apresentaram níveis mais altos de receptores CB1 e CB2, os quais retornaram a níveis normais, correspondentes aos de indivíduos saudáveis, ​​após a remissão da doença.

Isso levanta a questão: a cannabis pode ajudar?

Cannabis e a Doença Celíaca

Até agora, nenhum estudo abordou especificamente o uso de cannabis no tratamento da doença celíaca. Isso se deve em parte às recentes restrições legais à planta e, consequentemente, a dificuldade de conduzir estudos. A única evidência de pesquisa que temos atualmente é que os preparados de cannabis podem ajudar em sintomas da doença celíaca, incluindo dor abdominal, náusea, perda de peso e enxaqueca.

Para começar, os efeitos da cannabis no alívio da dor são sustentados por vários estudos, e a dor crônica é a condição de qualificação mais comum para o uso medicinal da cannabis em diversos países.

Da mesma forma, os efeitos antieméticos da cannabis são apoiados por décadas de pesquisa. Uma avaliação sistemática de 23 ensaios clínicos realizada em 2015 sobre sintomas relacionados à quimioterapia concluiu que “os medicamentos à base de cannabis podem ser úteis para o tratamento de náuseas e vômitos refratários induzidos por este tratamento”. De fato, as evidências são fortes o suficiente para justificar o uso de um medicamento exclusivo de THC, o Marinol, para náuseas provocadas pela quimioterapia.

Os efeitos de aumento de apetite provocados pela cannabis estão bem documentados e já são usados ​​para ajudar pacientes que sofrem de perda de peso associada ao câncer, HIV e outros quadros clínicos.

Além disso, há evidências de que os preparados de cannabis podem ajudar com sintomas menos comuns da doença celíaca, como enxaquecas e ansiedade, e pesquisas anteriores já mostraram que os canabinoides têm propriedades imunossupressoras que podem ajudar em condições autoimunes (como a doença celíaca).

Por fim, existem muitos relatos (não científicos) de pessoas com doença celíaca que relataram melhora ao utilizar medicamentos de cannabis.

A conclusão é que, embora ainda não tenhamos comprovações científicas de que a cannabis ajuda no tratamento da doença celíaca, as evidências mostram que ela pode aliviar muitos de seus sintomas e talvez até mesmo atuar em suas causas subjacentes, como a autoimunidade.

Para completar, os pesquisadores enfatizam que os canabinoides e medicamentos que aumentam os níveis de produção de endocanabinoides já demonstraram benefícios nos distúrbios intestinais e se tornarão cada vez mais proeminentes com o avanço da pesquisa nos próximos anos.

Efeitos Colaterais

As pesquisas clínicas indicam que a cannabis é uma substância segura. Embora esteja associada a alguns efeitos colaterais, a grande maioria deles é considerada leve e não grave.

Além disso, é importante lembrar que os efeitos colaterais da cannabis para uso medicinal variam dependendo do preparado específico utilizado.

Em especial, sabe-se que o THC causa efeitos psicoativos de curto prazo, como ansiedade, paranoia, comprometimento da memória e tempo de reação mais lento, além de aumento da frequência cardíaca e olhos vermelhos.

Já o CBD não é psicoativo, mas pode causar outros efeitos colaterais como fadiga, baixa pressão arterial, diarreia e boca seca. Por isso, esses efeitos são mais prováveis ​​ao se usar preparados com baixo teor de THC e ricos em CBD, como óleo de CBD de full spectrum.

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