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Câncer de Pâncreas

A Cannabis Pode Ajudar no Câncer de Pâncreas?

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Visão Geral

Os medicamentos à base de cannabis são utilizados há muito tempo para aliviar as reações adversas do câncer e da quimioterapia, como náusea, perda de peso e dor crônica.

Atualmente, as pesquisas indicam que o sistema endocanabinoide (SE), o sistema do corpo com o qual a cannabis interage, pode produzir efeitos que atacam diretamente o câncer de pâncreas, e também de outros tipos de câncer.

Aliás, alguns compostos à base de cannabis podem limitar o crescimento e até promover a morte de certas células cancerígenas. Vários estudos revelaram que os canabinoides e outros compostos encontrados na planta da cannabis podem garantir mais eficácia aos tratamentos tradicionais contra o câncer de pâncreas.

Embora sejam necessários mais ensaios clínicos para comprovar a segurança e a eficácia da cannabis nessa área, as pesquisas sobre esse tipo de tratamento são promissoras.

Como a Cannabis Funciona no Caso do Câncer de Pâncreas

O sistema endocanabinoide existe em todos os vertebrados e ajuda a regular funções cruciais, como sono, dor e apetite. O corpo humano produz seus próprios canabinoides, que controlam e ativam suas várias funções; mas, como o próprio nome indica, o sistema endocanabinoide também pode ser controlado e ativado por canabinoides encontrados na planta de cannabis.

Como todo o sistema só foi descoberto recentemente, os cientistas ainda têm muito a aprender sobre as inúmeras formas de atuação da cannabis no corpo humano.

Um dia, o SE poderá ser uma opção promissora para o tratamento direto do câncer de pâncreas. Vários estudos mostraram que o endocanabinoide anandamida tem propriedades anticancerígenas.

Um ponto crucial indicado pelas pesquisas é que os dois principais receptores endocanabinoides têm influência sobre a vida, a proliferação (aumento do número de células) e a apoptose celular (morte celular programada), processos essenciais para suprimir o câncer de pâncreas. Isso foi demonstrado em um estudo de 2013, no qual compostos que ativam os receptores inibiram o crescimento e promoveram a destruição das células cancerígenas do pâncreas.

Em especial, os canabinoides que atuam sobre esses receptores parecem aumentar a produção de ceramida, um composto biológico que promove a apoptose das células cancerígenas do pâncreas. Isso foi demonstrado em uma pesquisa, a qual revelou que a produção de ceramida está relacionada à apoptose de células cancerígenas pancreáticas induzida por THC, o principal canabinoide da maconha.

Tais efeitos podem explicar por que as células cancerígenas do pâncreas apresentam níveis mais altos de receptores canabinoides do que as saudáveis, indicando que o corpo tenta promover a morte dessas células ativando os receptores canabinoides, ao mesmo tempo que protege as células pancreáticas saudáveis ​​(que mantêm níveis normais de receptores canabinoides) da apoptose.

Além disso, os canabinoides que atuam através dos receptores canabinoides podem ter outros efeitos anticancerígenos que inibem a metástase, ou seja, a migração de células cancerígenas para outras partes do corpo, onde desenvolvem novos tumores. Em outras palavras, a ativação do SE pode reduzir o crescimento de novos vasos sanguíneos decorrente de tumores metastáticos e suprimir a migração de células cancerígenas.

Foi comprovado, também, que a ativação de receptores canabinoides estimula a resposta imune contra o câncer, promovendo o recrutamento de células imunes e diminuindo a migração de certas células envolvidas na inflamação relacionada ao câncer.

Em suma, de acordo com as evidências atuais, a ativação do sistema endocanabinoide produz efeitos antiproliferativos, proapoptóticos, antimetastáticos e outros efeitos anticancerígenos, que podem ser utilizados para suprimir e retardar o avanço do câncer de pâncreas e de outros tipos de câncer.

Estudos Médicos Sobre Cannabis e Câncer de Pâncreas

As pesquisas sobre o uso de medicamentos à base de cannabis para o tratamento do câncer de pâncreas e outros tipos de câncer estão em seus estágios iniciais e a maior parte das evidências se restringe à cultura de células e estudos com animais. No entanto, os resultados atuais são promissores.

  • Um estudo clínico de 2006 examinou os benefícios do THC em nove pessoas com tumores cerebrais recorrentes e agressivos (glioblastoma multiforme). De acordo com o estudo, o THC inibiu a proliferação de células tumorais em dois pacientes. Além disso, o tratamento foi considerado seguro e não produziu efeitos psicoativos significativos.
  • Um estudo de 2017 sobre o mesmo tipo de câncer revelou que o medicamento Sativex, à base de canabinoides, aumentou a eficácia do quimioterápico temozolomida.

Além desses estudos clínicos iniciais, existem muitos outros estudos pré-clínicos:

Além dos canabinoides, a cannabis contém outra classe de compostos que pode ter propriedades anticancerígenas: os flavonoides. Em estudo de 2013, por exemplo, foram examinadas as propriedades anticancerígenas da quercetina, composto flavonoide encontrado na cannabis e em outras plantas. Os pesquisadores constataram que a quercetina inibiu o crescimento de células cancerígenas pancreáticas isoladas e reduziu o crescimento de tumores em ratos.

Uma pesquisa mais recente, realizada pela Universidade de Harvard, revelou que, junto com a radioterapia, o flavonoide derivado da cannabis FBL-03G diminuiu o tempo de vida de células cancerígenas pancreáticas isoladas, retardou o avanço do tumor e prolongou a sobrevida de camundongos com câncer de pâncreas.

Outras pesquisas sugerem que a maior ingestão de flavonoides na dieta diminui o risco de desenvolver alguns tipos de câncer, embora as evidências relacionadas ao câncer de pâncreas especificamente continuem controversas, com alguns estudos relatando menor risco com alta ingestão, e outros, nenhuma correlação significativa.

Esse provável avanço da medicina vem complementar o alívio que os pacientes sentem com o uso da cannabis para lidar com os efeitos colaterais da quimioterapia e com os sintomas do câncer, como perda de apetite e náusea, entre outros.

Efeitos Colaterais

Preocupações relacionadas à segurança da cannabis têm sido a principal barreira para a popularização de seu uso medicinal no tratamento do câncer e outras doenças. Em especial, sabe-se que a maconha produz efeitos colaterais psicoativos, como perda de memória, paranoia, ansiedade e euforia, e também pode gerar cansaço, sonolência, boca seca etc.

Dito isto, os estudos iniciais em humanos sobre a cannabis para o tratamento de câncer e seus sintomas não relataram efeitos adversos significativos. Embora sejam necessários mais estudos clínicos, de forma geral considera-se que a cannabis tenha um bom perfil de segurança, com efeitos colaterais leves e transitórios.

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