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A Cannabis e a Saúde Reprodutiva

A Cannabis e a Saúde Reprodutiva

Houve um aumento notável de usuários de cannabis, tanto para fins medicinais quanto recreacionais, em todo o mundo nos últimos anos. Isso levou ao surgimento de muitas outras questões sobre como a cannabis afeta o corpo humano de diferentes maneiras. 

Várias pesquisas científicas foram realizadas, mas ainda temos um longo caminho pela frente antes de realmente entendermos as inúmeras formas com as quais a cannabis pode afetar nossos diferentes sistemas, inclusive o reprodutivo. 

Cientistas já realizaram diversas experiência sobre este tema, das quais resultaram descobertas interessantes. No entanto, há ainda muito a ser explorado. A seguir, contamos o que se sabe hoje sobre a forma com que a cannabis afeta o sistema reprodutivo e a fertilidade de homens e mulheres.

Como o Sistema Endocanabinoide e o Sistema Reprodutivo Atuam em Conjunto

O sistema endocanabinoide (SE) é uma rede de receptores que se espalha por todo o corpo, atuando na regulação e comunicação entre o cérebro, o sistema imunológico e os tecidos endócrinos. Um dos muitos papéis que o SE desempenha em nosso corpo refere-se à secreção de hormônios ligados às funções reprodutivas

Quando as pessoas ingerem cannabis, canabinoides como THC e CBD são enviados aos receptores endocanabinoides do corpo. Em seguida, o SE reage provocando uma gama de reações biológicos. Quando consomem cannabis com regularidade, homens e mulheres têm seus sistemas reprodutivos alterados, influenciando a secreção de hormônios. Essa é a forma que a planta provoca alterações na regulação da fertilidade. 

As diferentes formas com as quais o sistema endocanabinoide pode afetar o corpo humano.Fonte.

A Saúde Reprodutiva Masculina e a Cannabis

Muitas pessoas acreditam que o uso da cannabis leva a produção de esperma de baixa qualidade. Mas isso é verdade?

Um estudo de quatro anos com mais de 1.200 homens, realizado na Dinamarca e publicado em 2015, sugere que o consumo regular de cannabis pode resultar em uma concentração mais baixa de espermatozoides. O estudo constatou que homens que relataram consumi-la mais de uma vez por semana tiveram uma contagem total de espermatozoides 29% mais baixa quando comparados com homens que relataram não fumar maconha.

Entretanto, existem outras pesquisas científicas que apontaram o contrário. Uma equipe da Harvard T. H. Chan School of Public Health, autora de um novo estudo em 2019 sobre o assunto, se surpreendeu com suas inesperadas descobertas sobre os efeitos que o consumo de cannabis tem sobre os marcadores da fertilidade masculina.

A equipe de pesquisa originalmente levantou a hipótese de que homens que consomem cannabis teriam esperma de baixa qualidade – mas não foi essa a conclusão do estudo.

A equipe recrutou 662 homens em Massachusetts entre 2000 e 2017, e analisou 1.143 amostras de sêmen. Também foram usadas amostras de sangue para testar hormônios reprodutivos. 

Os pesquisadores descobriram que os usuários de cannabis tinham uma concentração média de 62,7 milhões de espermatozoides por mililitro, enquanto aqueles que nunca usaram cannabis tinham uma média de 45,4 milhões de espermatozoides por mililitro. Eles também observaram que apenas 5% dos usuários de cannabis tinham concentrações de esperma consideradas abaixo do normal, contra 12% dos não usuários. 

“[As] descobertas inesperadas destacam quão pouco sabemos sobre os efeitos sobre a saúde reprodutiva da maconha e, na realidade, sobre os efeitos maconha em geral na saúde”, escreveu o autor do estudo, Jorge Chavarro. “Nossos resultados precisam ser interpretados com cautela, e destacam a necessidade de se estudar mais os efeitos da maconha na saúde”.

Obviamente são necessárias mais pesquisas científicas para entendermos com profundidade como o uso da cannabis afeta a fertilidade masculina.

A Saúde Reprodutiva Feminina e a Cannabis  

Poucos estudos examinaram a relação entre a saúde reprodutiva feminina e o uso da cannabis. É mais difícil estudar esse tema pois não há uma medida direta a ser examinada, como acontece com o sêmen masculino, por exemplo. 

Os mecanismos pelos quais a cannabis pode atrapalhar o sistema reprodutor feminino envolvem o eixo hipotálamo-hipófise-ovário (HHO), o qual ajuda a regular a reprodução feminina.

As poucas evidências científicas existentes sugere que a cannabis tem o potencial de reduzir a fertilidade feminina interrompendo a produção dos hormônios estrogênio e progesterona. Essa interrupção pode atrasar o ciclo da ovulação ou até mesmo impedi-la. Caso a ovulação não ocorra – o que é conhecido como “ciclo anovulatório” –, nenhum óvulo será liberado e, portanto, a gravidez torna-se impossível.

Mesmo assim, alguns estudos não encontraram nenhum efeito na ovulação e no ciclo menstrual de mulheres que usam cannabis, tornando ainda mais evidente a importância de mais pesquisas científicas sobre esse assunto.

Da mesma forma, os efeitos do uso da cannabis durante a gravidez também não são bem conhecidos. 

O consumo de cannabis tem aumentado rapidamente entre as mulheres grávidas nos países em que foram aprovadas leis para seu uso medicinal e recreacional. Em um estudo realizado na Califórnia, verificou-se que a porcentagem de mulheres grávidas com resultado positivo para o uso de cannabis praticamente dobrou entre 2009 e 2016, saltando de 4% para 7%. 

Nós sabemos que o THC pode atravessar a placenta e alcançar o feto, e que também pode ser secretado no leite materno por até seis dias após a última utilização. Isso causa preocupação sobre os efeitos do uso da cannabis durante a gravidez e a amamentação, pois expõe o feto / recém-nascido à planta.

No entanto, um estudo conduzido na Inglaterra com mulheres grávidas usuárias de cannabis apontou que o uso não resultou em risco aumentado de morbidade ou mortalidade perinatal. Entretanto, o estudo concluiu que o uso frequente e regular de cannabis durante a gravidez pode estar associado a uma pequena mas, estatisticamente detectável, diminuição no peso ao nascer.

Conclusão

Ainda é necessária muita pesquisa científica sobre como o uso da cannabis afeta os sistemas reprodutores masculino e feminino. 

De acordo com a pesquisa acima, casais com problemas de fertilidade preexistentes e que estejam tentando engravidar costumam acreditar que o uso de cannabis potencialmente exacerba a dificuldades de engravidar. 

Mas há evidências que sugerem que casais sem problemas de fertilidade não devem enfrentar problemas por causa do uso da cannabis.

Como sempre, é importante discutir com um médico caso você tenha perguntas ou esteja preocupado com a relação entre o uso da cannabis e sua saúde reprodutiva. 

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