Atualmente, existem muitas informações sobre cannabis, mas nem todas são corretas. Por exemplo, com toda a empolgação em relação ao potencial de cura aparentemente milagroso do CBD, o THC pode ser injustamente demonizado. E embora o CBD tenha, de fato, qualidades incríveis, é importante saber quais são realmente seus benefícios e suas limitações.
Vamos esclarecer alguns mitos e equívocos comuns sobre o CBD.
Mito 1: O CBD é o canabinoide “bom” e puramente medicinal, enquanto o THC é o canabinoide “mau” e puramente recreativo
Falso.
Ambos os canabinoides têm muito a oferecer e não são inerentemente “bons” ou “maus”. Quanto ao caráter medicinal ou recreativo de um e de outro, tanto o CBD quanto o THC podem ser ambos.
O THC é conhecido por causar a controversa sensação de “high”, a alteração psicotrópica recreativa da cannabis, mas apresenta diversos benefícios medicinais também. Por exemplo, o THC trata a dor, alivia náuseas, reduz a inflamação e pode melhorar o metabolismo.
O CBD também trata a dor e reduz a inflamação, além de ter outros usos medicinais, como o potencial para tratar ansiedade, depressão e até psicose. Talvez o uso mais famoso do CBD seja na redução das convulsões relacionadas à epilepsia.
Numerosos estudos revelaram ainda que o THC e o CBD são eficazes no alívio de muitos dos efeitos colaterais enfrentados por pacientes em tratamento contra o câncer. Pesquisas anteriores sugerem, inclusive, que o CBD e o THC podem trabalhar juntos para impedir o crescimento e a agressividade de alguns tumores cancerígenos.
Além disso, os benefícios medicinais da cannabis costumam ser mais eficazes quando há uma combinação de CBD e THC, algo conhecido como “efeito entourage”.
Quanto ao uso recreativo, o THC é o que as pessoas consideram o canabinoide mais desejado. No entanto, embora o CBD não seja especificamente “recreacional”, muitos usuários recreativos procuram cepas com maior teor de CBD devido à sua capacidade de reduzir naturalmente o potencial de ansiedade provocado pelo THC, assim como sua capacidade de inibir algumas das características psicoativas mais extremas do THC. Em outras palavras, a presença de CBD permite um efeito psicotrópico recreativo mais suave.
Mito 2: O CBD não é psicoativo, e a psicoatividade é um efeito colateral sempre negativo
Falso.
O sentido que as pessoas dão à palavra “psicoativo” costuma ser limitado e, na verdade, impreciso.
De fato, tanto o CBD quanto o THC são psicoativos, embora de maneiras diferentes.
Qualquer substância que afete o humor atinge, implicitamente, a psique. E o CBD afeta o humor, sendo usado como ansiolítico, antidepressivo, estabilizador de humor e até antipsicótico.
Dito isto, embora o CBD seja, de fato, psicoativo, ele NÃO é intoxicante ou psicotrópico. É nisso que a maioria das pessoas pensa ao ouvir a palavra “psicoativo”. Portanto, para ficar claro, o CBD não é debilitante e não causa alucinações, nem sensação de “high”.
A propósito, é importante observar que mesmo o tipo de psicoatividade relacionado à sensação de “high”, como os efeitos psicoativos provocados pelos THC, nem sempre é mau. Aliás, a euforia criada também pode ser terapêutica, uma vez que muitas pessoas consideram seus efeitos calmantes e estimulantes.
Mito 3: O CBD é mais eficaz quando usado sem THC
Na verdade, é exatamente o contrário. Como observado acima, o CBD e o THC são como “melhores amigos”. Esses dois canabinoides trabalham juntos em sinergia, o que significa que eles se apoiam mutuamente e são mais eficazes quando tomados juntos.
Por exemplo, um estudo revelou que o CBD full spectrum (planta inteira) é duas vezes mais eficaz no tratamento da epilepsia do que o isolado de CBD. Além disso, doses mais baixas foram necessárias para obter o efeito terapêutico.
Na verdade, as plantas de cannabis e cânhamo contêm uma enorme variedade de canabinoides que ainda estamos começando a descobrir. Mas uma coisa é certa: esses canabinoides parecem funcionar melhor quando usados juntos. Trata-se do chamado “efeito entourage”.
Por exemplo, um estudo realizado por médicos espanhóis revelou que a cannabis full spectrum é muito mais eficaz em três tipos de câncer de mama do que o THC puro. Outro estudo realizado por médicos britânicos indica que o CBD ajuda a potencializar o THC no tratamento da artrite.
Embora existam situações em que o uso do CBD puro é preferível ao da cannabis full spectrum, dependendo do problema de saúde e de fatores que variam de paciente para paciente, as evidências indicam que a combinação de canabinoides é geralmente mais eficaz na maioria dos tratamentos médicos.
Mito 4: O CBD é sedativo
Embora estudos iniciais tenham sugerido que o CBD poderia ser sedativo, agora sabemos que isso não é verdade. Estudos atuais indicam que mesmo doses altas não têm esse efeito.
Aliás, as evidências mostram o contrário: o CBD pode ser estimulante e, na verdade, neutralizar os efeitos potencialmente sedativos do THC quando usados em conjunto.
Mito 5: O CBD derivado do cânhamo não é tão bom quanto o CBD derivado da cannabis.
Este tema é um pouco mais complicado. Em tese, o CBD é o mesmo, independentemente da planta da qual ele deriva. Seria mais correto dizer que o CBD isolado é o mesmo, seja qual for sua fonte.
Cânhamo nada mais é do que o nome das plantas de cannabis que possuem menos de 0,3% de THC, enquanto maconha ou marijuana se referem a plantas que têm mais de 0,3% de THC.
Embora seja verdade que o CBD puro seja o mesmo composto, independentemente da planta de origem, no caso do consumo full spectrum, com o efeito entourage dos vários canabinoides trabalhando juntos, a planta de cânhamo pode ser menos eficaz em certos tratamentos.
Outra questão surge no fornecimento de CBD de qualidade. Todas as plantas de cannabis são excelentes em fitorremediação. Isso significa que as plantas de cannabis realmente limpam o ambiente de toxinas, como metais pesados e estrôncio radioativo-90 (mais um atributo incrível desta planta!). O problema é que a matéria vegetal muitas vezes acaba sendo contaminada.
O CBD derivado do cânhamo pode conter quantidades maiores de contaminantes, pois seu cultivo requer uma área maior, já que o cânhamo possui muito menos CBD do que a maconha medicinal. Da mesma forma que as plantas removem toxinas do ambiente, elas também podem transmiti-las a você.
Apesar de ser mais fácil obter CDB de qualidade (isto é, com menos contaminantes e rótulos confiáveis) a partir da cannabis medicinal, devido à maior regulamentação nos países em que ele é legalizado, esse nem sempre é o caso. O importante aqui é pesquisar antes de comprar CBD, para não acabar utilizando um produto cheio de toxinas.
Mito 6: O CBD não tem efeitos colaterais
Na verdade, algumas pessoas têm efeitos colaterais indesejados ao usar o CBD. Embora a substância geralmente não provoque sedação, de acordo com a Harvard Health, os possíveis efeitos colaterais do CBD incluem náuseas, fadiga e irritabilidade. O CBD também pode interagir com certos medicamentos, como o anticoagulante Coumadin (varfarina).
Ainda assim, a maioria dos estudos conclui que o CBD é seguro.
É compreensível que, com toda a badalação atual da cannabis, nem todas as informações sejam confiáveis. Vale a pena observar também que os cientistas estão aprendendo, e publicando, mais sobre a planta de cannabis todos os dias.
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